Mover um banco de dados PostgreSQL é uma tarefa séria e complexa. Para a maioria dos usuários do PostgreSQL, é um dos maiores projetos, exigindo planejamento cuidadoso e tempo de inatividade mínimo.
Uma das maneiras mais modernas e confiáveis de realizar uma migração com alta disponibilidade e quase sem interrupções é usando a Replicação Lógica (Logical Replication).
O que é Replicação Lógica
A replicação lógica é um mecanismo do PostgreSQL que permite transferir alterações de dados (INSERT, UPDATE, DELETE) entre bancos de dados no nível lógico, em vez de copiar arquivos físicos.
Diferente da replicação física, que duplica todo o conteúdo do armazenamento, a replicação lógica trabalha com tabelas individuais e permite:
- Sincronização seletiva de dados (apenas as tabelas necessárias);
- Replicação entre diferentes versões do PostgreSQL;
- Transferência de dados entre servidores com diferentes arquiteturas ou configurações.
Isso torna a replicação lógica uma excelente ferramenta para migrações graduais, atualizações e testes de novas versões do PostgreSQL.
Quando usar a Replicação Lógica
A replicação lógica é especialmente útil quando você deseja:
- Atualizar o banco de dados para uma nova versão do PostgreSQL sem longos períodos de inatividade;
- Migrar dados para um novo servidor ou para a nuvem;
- Distribuir a carga entre vários bancos de dados;
- Criar um ambiente de teste sincronizado com o ambiente de produção.
Como funciona
O esquema de replicação lógica no PostgreSQL é composto por dois componentes principais:
- Publicação (Publication) – criada no banco de origem e define quais tabelas enviarão as alterações.
- Assinatura (Subscription) – criada no banco de destino e recebe os dados da publicação.
wal_level = logical
Sem ele, a replicação lógica não funcionará e o comando CREATE PUBLICATION resultará em erro.
Exemplo de configuração de replicação lógica:
CREATE PUBLICATION my_publication FOR ALL TABLES;
-- No banco de destino
CREATE SUBSCRIPTION my_subscription
CONNECTION 'host=source-db port=5432 dbname=mydb user=replicator password=secret'
PUBLICATION my_publication;
Após isso, todas as alterações nas tabelas do banco de origem começarão a ser aplicadas ao banco de destino quase em tempo real.
Sem essas permissões, a assinatura não conseguirá receber os dados da origem.
Vantagens da Replicação Lógica na Migração
- Tempo de inatividade mínimo - a replicação pode ser iniciada antecipadamente, e a troca de tráfego para o novo servidor acontece quase instantaneamente.
- Flexibilidade - não é necessário migrar o banco inteiro; é possível escolher esquemas ou tabelas específicas.
- Compatibilidade entre versões - a replicação lógica funciona até entre diferentes versões do PostgreSQL (por exemplo, do PostgreSQL 13 para o 16).
- Segurança - permite uso de SSL e dos mecanismos padrão de autenticação do PostgreSQL.
Etapas da Migração Usando Replicação Lógica
- Prepare o servidor de destino - instale a mesma ou uma versão mais recente do PostgreSQL.
- Configure a publicação no banco de origem - selecione quais tabelas serão replicadas.
- Crie a assinatura no banco de destino - informe a conexão e inicie a sincronização.
- Aguarde a sincronização completa - certifique-se de que todos os dados foram copiados.
- Redirecione o tráfego - aponte o aplicativo para o novo servidor.
- Remova a assinatura e a publicação - após confirmar que tudo está funcionando corretamente.
Limitações da Replicação Lógica
Apesar da flexibilidade, a replicação lógica possui algumas limitações:
- Operações DDL (criação de tabelas, índices, etc.) não são replicadas.
- A replicação de sequências (SEQUENCE) não é suportada por padrão.
- É necessário manter manualmente a consistência do esquema no banco de destino.
Com uma configuração adequada, essas limitações não impedem uma migração segura e suave.
Conclusão
A replicação lógica é uma ferramenta poderosa que permite migrar bancos de dados PostgreSQL com tempo de inatividade e riscos mínimos.
Ela é ideal para mover bancos de dados para novos servidores, atualizar versões do PostgreSQL ou distribuir a carga entre diferentes instâncias.
Usando esse mecanismo, você pode tornar o processo de migração previsível, controlado e seguro — sem perda de dados e com impacto mínimo para os usuários.
FAQ
- Posso usar replicação lógica entre diferentes versões do PostgreSQL?
Sim, a replicação lógica é suportada entre versões diferentes a partir do PostgreSQL 10. Isso é especialmente útil ao atualizar o banco de dados. - Quanto tempo leva a migração?
Depende do volume de dados e do desempenho da rede. A maioria dos administradores inicia a replicação com antecedência, para que o volume principal de dados seja transferido antes da troca final. - Posso replicar apenas algumas tabelas?
Sim, ao criar uma publicação, é possível especificar quais tabelas devem ser sincronizadas. - Como verificar se a replicação foi concluída?
Use a visualização pg_stat_subscription no banco de destino para garantir que o atraso de dados seja zero.Para verificar o status, execute: SELECT * FROM pg_stat_subscription; A coluna latency_lag mostra o atraso atual entre o banco de destino e o de origem. - Preciso parar o banco durante a migração?
Não. A replicação lógica permite realizar a migração sem interromper o funcionamento do aplicativo — a transição ocorre de forma suave. - A replicação lógica afeta o desempenho do banco de origem? Em alguns casos, sim. A replicação lógica adiciona uma carga extra, pois o PostgreSQL precisa registrar e transmitir alterações em nível de transação. No entanto, em ambientes bem configurados, esse impacto é geralmente pequeno e controlável.
- É possível usar replicação lógica junto com replicação física? Sim. O PostgreSQL permite combinar replicação lógica e física no mesmo cluster. Isso pode ser útil, por exemplo, para manter réplicas de leitura físicas e, ao mesmo tempo, enviar dados específicos para outro servidor via replicação lógica.
- Posso reverter a replicação lógica depois da migração? Sim, é possível interromper a assinatura (DROP SUBSCRIPTION) e a publicação (DROP PUBLICATION) quando a migração estiver concluída. É recomendável manter um backup final antes de desativar a replicação, garantindo que nenhum dado se perca durante o processo.
Sobre a Base de Conhecimento da Serverspace
A Base de Conhecimento da Serverspace é um repositório técnico criado para ajudar administradores de sistemas, desenvolvedores e engenheiros DevOps a trabalhar de forma mais eficiente com tecnologias modernas de infraestrutura em nuvem. Aqui você encontra artigos práticos, guias detalhados e tutoriais sobre bancos de dados, redes, segurança, automação e ferramentas open source. O objetivo é fornecer informações confiáveis e acessíveis que ajudem você a implementar soluções, resolver problemas e otimizar seu ambiente de TI - tudo com base na experiência real dos especialistas da Serverspace.